Fragmentação Positiva
Fragmentação Positiva
Este trabalho, inspirado no texto “Making something from nothing” de Lucy Lippard, confronta a discriminação que separa a “arte maior” da “hobby arte”. A criação a partir de objetos domésticos, como recortes de jornais e linhas, entre outros, historicamente sinalizou classe e segregação entre as mulheres nas belas artes. Lippard introduziu o termo “Fragmentação Positiva” para integrar este novo meio na esfera artística. A partir desse pensamento junto mostruários de crochê (pequenos pedaços com tipos de pontos e desenhos) vestígios de uma história costurada pela família de queridos amigos.
As cores, um degradê de fios e memórias, narram poeticamente a passagem do tempo e a beleza da ação sobre eles. Ao refletir sobre meus próprios trabalhos com crochês, renasce o desejo de resgatar panos antigos e subverter seu uso original, criando uma colcha de retalhos que expressa memórias, resistência e a arte feminina através do têxtil.
A “arte de armário” ressoa, e assim como as histórias domésticas, esses panos muitas vezes permanecem ocultos. Graças ao movimento feminista, a hierarquia entre arte e artesanato desvanece, conferindo a esses fios um novo valor merecido. Cada pedaço revela desenhos, geometrias e, acima de tudo, conta histórias de tempo - do fazer, da ação do tempo sobre a obra, do pensamento, da criação e da vida.
Fragmentação positiva
Panos de crochê antigos, cola e crochê de linha de algodão
1,23 x 1,75
2024